terça-feira, 21 de dezembro de 2010

SOLIDÃO

Foto: Jean Cândido

Nem tanto tempo assim. Nem tanto querer, nem tanto desalento, mas por que o peito sente como se fosse a coisa mais urgente e terrível? Por que o peito sente como se nunca, ou melhor, como se sempre fosse essa mesma coisa lenta, fria e desconsertada? O mesmo som das chaves a rolar pelos dedos, o mesmo barulho dos pés nas pequenas areias despregadas dos paralelepípidos? O que me dá? O que me vem? O que eu tenho? O que não tenho? Por que nunca é claro? Por que sempre é a mesma sensação?

Como se cada música que tocasse soasse como sonata triste de Chopin tocada por um maestro vestido de palhaço. Ao olhar para os olhos desse palhaço há tédio. Tristeza? Não. Tédio. Sensação de inabilidade, impotência, impossibilidade.


E cada vez que se olha ao céu e há uma lua iluminando a praça descuidada pelo descaso e pelo abandono. Abandono. Rima com solidão. Uma rima que não se vê, não se ouve, mas que se sente. Mente quem diz que solidão faz bem. Minto. E não tenho medo. Tenho.


Sentado no banquinho de concreto da mesinha com desenho de tabuleiro de xadrez, sentindo o silêncio da praça antes ocupada pelos velhinhos a jogar ao lado da imagem de Nossa Senhora de Fátima que outro dia várias senhorinhas faziam sua novena eu penso... Penso... Penso... ....


Não há amor que resista à solidão.

3 comentários:

  1. Eu também caía na asneira de pensar que era naturalmente só...Acho que ninguém deseja esta vocação.

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  2. Estar só. È deixar-se esconder em uma concha imaginária, é deixar o silêncio combinar gritos com o vento.

    Realmente demais seu espaço.

    Parabéns.
    Que 2011 venha lindo de viver!
    bjo

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  3. Que nos venha 2011, Ju!
    Obrigado pela visita e desculpe demorar a responder.
    Enzo, realmente ninguém deseja esta vocação, mas alguns a tem, não é?

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