terça-feira, 9 de novembro de 2010

NÃO IMPORTA A DISTÂNCIA, HÁ SEMPRE BONDES A PASSAR

É medo sim. Mas não da felicidade. É de um sentimento inteiramente experimentado e que pode não ser mais sentido.

É medo de não sentir mais, de perder aquilo que causa o amor, o afeto, a loucura, o sorriso, o desejo. É receio de que seja mais um desses sentimentos descartáveis, consumíveis e à moda do sociólogo austríaco, líquido.

E toda aquela situação poética que cai sobre nossas cabeças e transforma o verão em mais colorido e os sorrisos em mais fáceis e sem explicação? E se tudo isso se esvai feito areia correndo por entre os dedos quando nos sentamos à beira da praia para contemplar o por do sol? E se? Como se faz? Como se dá? De que modo agarrar isso tudo que se apressa em explodir dentro do coração de um modo completamente intenso, sincero, corroído, leve e pesado ao mesmo tempo. E se felicidade realmente doer que remédio eu tomo pra não parar nunca? Que remédio eu evito para que não se acabe?

Eu não quero vocë, eu preciso de vocë...Quero estar contigo... Viverei cada manhã na esperança de acordar ao seu lado... E todas essas músicas? E todas essas vozes óbvias que dizem exatamente as obviedades que eu quero dizer? Como eu digo? Como eu faço? De que modo? De que altura? Eu te sequestro? Eu me mudo? Eu te levo ou vou com você?

Eu durmo e espero você chegar ou vivo como se tudo estivesse tranquilo e nada fosse urgente... Mas é! É urgente! É urgente e não tenho outra solução, outro meio, a não ser...esperar...

Feito a gente quando espera o bonde passar e vai feliz vendo a paisagem se desdobrando e sorrindo porque o bonde, a paisagem, o amor...tá tudo ali, à nossa mão. 
Imagem: Olhar de Jean Cândido Brasileiro

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